Conhecendo e caracterizando serpentes


São chamadas de cobra no Brasil as que são da mesma família das corais, najas e mambas e de serpentes, todas as outras. Elas surgiram cerca de 110 a 150 milhões de anos atrás. Dados científicos mostram que elas descendem de lagartos primitivos de habitat subterrâneo que perderam seus membros ao longo dos anos, no processo evolutivo.

Esses são animais vertebrados pertencentes ao grupo dos Répteis, no qual se encontram as tartarugas, cágados, jabutis, jacarés, crocodilos e gaviais. Dentro do próprio grupo, há um subgrupo chamado Squamata, cujo próprio nome já diz que são animais com escamas e as serpentes fazem parte dele.

As serpentes são animais ectotérmicas, ou seja, a temperatura corporal varia de acordo com o ambiente. A temperatura ideal para elas varia entre 25ºC e 30ºC, e é por essa razão que os encontros mais frequentes com as serpentes ocorrem durante o verão, já que elas estão mais ativas nesse período. Enquanto, no inverno, elas preferem se abrigar em locais mais quentes e tomando sol, pois sua atividade diminui nessa época.

As serpentes têm um corpo bem alongado, e seus comprimentos podem ser de 10 cm a 10m. Elas não conseguem fechar seus olhos, então não apresentam pálbebras, mas elas possuem uma membrana fixa e transparente e que é trocada nas mudas de pele. Também apresentam escamas e uma língua bífida (bifurcada), que as auxilia a sentir partículas suspensas no ar, como o odor. Por isso elas ficam com a língua para fora, elas estão tentando conhecer o ambiente em que se encontram.

Seus habitats são diversos e variam de acordo com a espécie e a região. Podem ser ambientes terrícolas, arborícolas, aquáticos e até subterrâneos. Algumas espécies que se encontram em dois ambientes, por exemplo: às vezes ela pode ser uma semi-arborícola (presente tanto nos arbustos quanto no chão).

Elas podem se alimentar de sapos, rãs, pererecas, lagartos, mamíferos, aves, peixes e até mesmo de outras serpentes. Seus dentes afiados e voltados para trás em conjunto com a falta de membros faz com que as serpentes sejam incapazes de rasgar a carne animal e, consequentemente, é preciso engolir a presa inteira. Algumas serpentes conseguem ingerir animais maiores que seu próprio corpo graças às inúmeras articulações interligadas por um ligamento frouxo que elas possuem entre os ossos do crânio e a mandíbula, fazendo com que elas consigam abrir bem as suas bocas. Elas não possuem costelas e seus corpos são bem elásticos, o que também as ajuda a ingerir esses animais que maiores do que ela mesma.

Todas as serpentes têm dentes mas existem diferenças. Essas diferenças definem o grau de periculosidade. Existem 4 tipos de dentição encontradas em todas as serpentes e cobras:

Áglifas: dentes incapazes de inocular veneno e são apenas usados para segurar o alimento e digeri-lo, facilitando a constrição ou ingestão da presa viva;

Opistóglifas: um par de dentes sulcados, posicionados na parte traseira da mandíbula superior, expelem o veneno produzido, o que dificulta envenenamento em humanos;

Proteróglifas: um par de dentes fixos e afiados estão presentes na parte da frente da maxila superior, por onde escorre o veneno;

Solenóglifas: um par de dentes móveis altamente especializados na inoculação de veneno, já que eles são ocos e são como canal semelhante a uma agulha de seringa por onde o veneno passa, localizados na parte da frente da maxila superior.











As serpentes que são peçonhentas são chamadas dessa maneira por possuírem estruturas capazes de inocular o veneno (peçonha).

O veneno delas é produzido por glândulas presentes na cabeça, como uma bolsa, e seus dentes inoculares estão ligados a ela a partir de um canal. O veneno possui uma constituição complexa, apresenta inúmeras proteínas e toxinas. Os efeitos variam de acordo com o grupo que a serpente pertence.

As serpentes possuem órgãos sensoriais capazes de auxilia-las para defesa e predação. O olfato é o sentido básico delas e é bem desenvolvido devido às suas narinas e sia língua bífida (bifurcada) capta partículas odoríferas do ambiente. Algumas espécies ainda tem um órgão termo-orientador, capaz de detectar temperatura. A visão delas é não é muito desenvolvida e não formam imagens nítidas. O tímpano e o ouvido externo são ausentes, consequentemente, sua audição é pouco desenvolvida também, mas elas conseguem captar vibrações do substrato.

A fosseta loreal, orifício entre o olho e narina, é um órgão que permite a percepção de variações mínimas de temperaturas, auxiliando na localização de presas por meio do calor corporal durante a noite. Todas as que apresentam fosseta são peçonhentas, mas nem todas as que são peçonhentas apresentam fosseta loreal. (ex: coral-verdadeira).

As serpentes brasileiras se encontram em nove famílias diferentes e, dentre elas, 4 não são muito conhecidas devido aos seus hábitos subterrâneos (Aniliidae, Anomalepididae, Leptotyphlopidae, Typhopidae) e 1 delas tem distribuição geográfica restrita (Tropidophiidae). Nenhuma dessas é peçonhenta ou agressiva.

As outras 4 famílias são mais conhecidas e são as que apresentam maior número em todo o brasil, e são as famílias:

 

Boidae

  • Grande volume corpóreo e comprimento;
  • Não peçonhentas, logo possuem a dentição do tipo áglifa;
  • Matam as presas por constrição;
  • São terrícolas, aquáticas e arborícolas; 
  • Possuem fossetas labiais; 
  • Existem 12 espécies no Brasil, como as jiboias e cobra papagaio.

Viperidae

  • São peçonhentas, com dentição do tipo solenóglifa;
  • Possui cerca de 30 espécies, como as jararacas, sururucu-pico-de-jaca, jararacuçu e caiçaca;
  • Hábitos terrícolas ou arborícolas;
  • Escamas pequenas no dorso da cabeça e fosseta loreal.

Elapidae

  •  São peçonhentas com dentição do tipo proteróglifa;
  • Possui cerda de 30 espécies, todas sendo as “corais verdadeiras” , com exceção            de duas espécies amazônicas;
  •  Possuem Hábitos subterrâneos;
  • Olhos pequenos;
  • Cauda curta;
  • Não possuem fosseta loreal.

Colubridae

  • Algumas espécies não são peçonhentas, logo possuem a dentição do tipo áglifa, e         as outras são peçonhentas e tem a dentição do tipo opistóglifa;
  • Mais abundante de todas as espécies, possui cerca de 280 espécies, como as              jararacuçu-do-brejo, boipeva, “falsas-corais” e cobra cipó;
  • Podem ser terrícolas, arborícolas, subterrâneas, criptozoicas ou aquáticas;
  • Não tem fosseta loreal;


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